quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Resenha: O Doador de Memórias






Título: O Doador de Memórias
Série: O Doador de Memórias – Livro 1
Autora: Lois Lowry
Ano: 2014
Edição: 3
Editora: Arqueiro
Número de páginas: 190
Avaliação: 8


Sinopse:

Em O Doador de Memórias, a premiada autora Lois Lowry constrói um mundo aparentemente ideal onde não existem dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não há amor, desejo ou alegria genuína. Os habitantes de uma pequena comunidade, satisfeitos com a vida ordenada, pacata e estável que levam, conhecem apenas o presente. O passado e todas as lembranças do antigo mundo lhes foram apagados da mente. Um único indivíduo é encarregado de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis. Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo. Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.





Resenha:

Toda distopia que se preze traz todos aqueles elementos que a gente já conhece: uma sociedade aparentemente perfeita, mas que se revela não tão perfeita assim, dispondo de uma tecnologia evoluída e alguém que luta contra as injustiças dessa sociedade. Mas, pra ser sincera, pela primeira vez em um livro distópico, eu enfrentei um grande dilema, que na verdade, até agora não consegui resolver: o que pensar de uma sociedade que faz coisas terríveis, mas não sabe realmente que essas coisas são terríveis?

Geralmente, nos livros, temos uma clara distinção daquilo que poderíamos chamar de “personagens do bem” e “personagens do mal”, mas O Doador de Memórias me fez ficar completamente confusa nesse quesito. No mundo apresentado no livro, temos uma comunidade ideal, sem desigualdade, dor ou violência, mas para tal, no passado, as pessoas tiveram de abrir mão de muitas coisas, inclusive seus sentimentos, que agora são totalmente superficiais. “Eu te amo”? Expressão totalmente inadequada. O mais correto seria talvez “eu gosto de você” ou “tenho orgulho de seus talentos”. Pois é, o mundo deles é bem assim. E como culpar alguém por suas crueldades se essa pessoa é desprovida de emoções, sensações, sentimentos? Eu pessoalmente até agora não cheguei a uma conclusão.

Apenas uma pessoa tem acesso a esses sentimentos, através das lembranças de como o mundo era muito tempo atrás, e essa pessoa é o Doador. Quando Jonas é escolhido para ser seu sucessor, jamais imaginou que pudesse conhecer um mundo inteiro de cores, sensações e emoções que lhe faltam em sua comunidade. Jonas é um ótimo personagem, inteligente, com uma incrível capacidade de pensar por si só, que amadurece gradualmente no decorrer da narrativa e sempre me encanta por sua integridade e altruísmo.

Mas, entenda bem: O Doador de Memórias é uma obra de caráter puramente reflexivo. Nada de romance, e ação muito menos, pois o foco da trama está na concepção da comunidade em si, e Jonas, sendo uma criança, contribui bastante para passar a ideia de ingenuidade atribuída à sociedade em que vive. Isso pode tornar a narrativa um tanto monótona, mas de jeito nenhum atrapalha o desenvolvimento da história.

Mas a quantidade de páginas sim. Apesar de ser um livro bem pequeno, com menos de 190 páginas, a narrativa de O Doador de Memórias passa a impressão de se arrastar lentamente até o final. É como se a autora estivesse se esforçando para fazer a história ficar maior, acrescentando o máximo de coisas que pudesse ajudar a fazer isso, mas desnecessariamente. Daria pra diminuir o livro um bocado e ainda sim a história permaneceria intacta. Não que a escrita da autora seja ruim. Na verdade, é excelente, e consegue transmitir bem todos os sentimentos desejados ao leitor e fazer com que este facilmente se envolva com a história e seus personagens, apresentando as regras e costumes da comunidade de forma fácil de compreender.

E depois do final, você vai clamar por uma continuação. Infelizmente, o segundo livro da saga, A Escolhida, não parece que vai trazer as respostas para as questões em aberto no fim, mas vamos ficar na torcida pra que a editora Arqueiro resolva publicar os dois últimos livros da quadrilogia. Enfim, O Doador de Memórias tem uma narrativa lenta e reflexiva, mas de leitura rápida e envolvente. Jonas é um personagem muito amável, e espero ter mais dele nos próximos livros.



2 comentários :

  1. Poxa, das resenhas que li sobre esse livro percebi que não captei muita a ideia do livro, nessa consegui entender realmente o que o livro quis passar, em certos momentos lembrei da trilogia Delírio, mas só porque você citou amor (é uma boa distopia, além das capas serem lindas e eu não ter lido o último livro kkk). Enfim, estou curiosa para ler o livro e a resenha está ótima mesmo!

    Beijos!
    livrosdawis.blogspot.com.br

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    1. Eu amo Delírio (e, sim, as capas são lindas ♥ ), e fico feliz que tenha gostado da resenha, o livro é muito bom!

      Beijos!

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