Resenha: A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken

Título: A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken

Autores: Jostein Gaarder e Klaus Hagerup

Ano: 2003

Edição: 1

Editora: Companhia das Letras

Número de páginas: 180

Avaliação: 8

Sinopse: 

Nils tem doze anos e acaba de voltar das férias escolares de verão, passadas em companhia de sua prima Berit, na cidade de Fjærland, interior da Noruega. Para não deixar de se falar, os dois decidem escrever um diário e remetê-lo de uma cidade a outra pelo correio.

Já de início, porém, parece haver algo de misterioso no diário de Nils e Berit. Ao comprá-lo numa livraria, Nils conhece uma mulher estranha, alguém que ele e Berit haviam visto de passagem durante as férias. A mulher faz questão de ajudar Nils a comprar o diário - uma esquisitice que ele não deixa de contar à prima já em sua primeira "carta".

Em Fjærland, Berit se põe a segui-la. Diante da casa da mulher, Berit "furta" um pequeno envelope da caixa de correio. Dentro, encontra uma carta vinda da Itália, endereçada a uma certa Bibbi, que menciona um sebo em Roma. O estabelecimento guardaria não apenas livros raros, mas também livros ainda não escritos. E um desses livros se refere a uma certa "biblioteca mágica".

Toda essa história Berit conta a Nils em sua primeira carta. A aventura mal começou, mas o leitor já se vê mergulhado num grande mistério. Quem é Bibbi e que biblioteca mágica é essa? É um caso para os pequenos detetives Nils e Berit investigarem a fundo - e tudo aquilo de que o leitor precisa para se divertir pelas páginas restantes. Em A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken, o grande herói é o livro e sua história, numa trama cheia de suspense e aventura.

Resenha:

Simplesmente adoro os livros de Jostein Gaarder, e quem já leu O Mundo de Sofia, romance mais conhecido do autor, já conhece seu estilo filosófico, enigmático, mas tão prazeroso de se ler. E com A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken não foi diferente.

O livro acompanha Nils e Berit, dois primos que depois de passar as férias juntos, resolvem continuar se comunicando, através de cartas. Mas é quando Nils conhece uma estranha mulher em uma livraria, uma que os dois já haviam encontrado antes, que um mistério se inicia. A mulher faz questão de pagar para Nils o diário que estava comprando, e ao relatar isso para sua prima Berit, a garota resolve investigá-la. Seguindo a mulher misteriosa, Berit encontra uma carta na porta da casa dela, uma carta endereçada a uma tal de Bibbi Bokken falando sobre um sebo em Roma que continha livros não só raros, mas livros ainda não escritos, e um desses livros falava sobre uma biblioteca mágica. Mas quem seria Bibbi Bokken? Como um lugar poderia conter livros ainda não escritos? E que biblioteca mágica seria essa? Nils e Berit não resistem e começam a investigar por conta própria, cada um em sua cidade, relatando um ao outro através de cartas as suas descobertas.

A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken é basicamente dividido em duas partes. A primeira parte é constituída não de capítulos, mas sim de cartas, as cartas que Nils e Berit trocaram em seu diário durante a narrativa, e não poderia haver forma melhor de contar a história. Intercalando as cartas entre os dois primos, os autores vão construindo o enredo através das palavras das crianças, o que é divertido e faz com que conheçamos bastante sobre elas. Como de costume nas obras de Jostein Gaarder, temos aqui crianças espertas, com uma incrível capacidade de contemplar o mundo à sua volta e se encantar por ele, pequenos filósofos apaixonados por livros, poesia, e que comentam entre si sobre as coisas que gostam. É maravilhosa a forma como esses personagens são apresentados.

A narrativa é bem misteriosa. Cada vez mais, as crianças se deparam com acontecimentos inexplicáveis, e o leitor fica cada vez mais curioso em descobrir como todas essas coisas se encaixam. O fato de os protagonistas serem crianças também torna a leitura muito mais divertida, e a maneira como Nils e Berit narram em suas cartas, cheios de drama e mistério, tornam a história ainda mais empolgante. Essa primeira parte foi simplesmente perfeita e o final dela é bem tenso e cria bastante expectativa.

Então veio a segunda parte do livro.

Confesso que fiquei muito decepcionada. O livro estava indo tão bem que eu esperava que fosse terminar em um final épico, mas infelizmente não foi o que aconteceu. Intercalando a narração em primeira pessoa entre Nils e Berit, a história fica enrolando até chegar à solução dos mistérios, e quando finalmente chega, tudo é explicado de uma vez só, surge do nada um vilão completamente aleatório e então o livro termina sem nada de mais. A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken começa como uma grande homenagem ao mundo dos livros, mas termina de forma simples e esperada, sem grandes feitos. Ainda não li outros livros de Klaus Hagerup, mas conheço a escrita de Jostein Gaarder, e depois daquele final emocionante de O Mundo de Sofia, esperava mais desse livro que começou de forma tão promissora.

A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken é um livro pequeno, bem rápido de se ler, e que além de ser divertido e misterioso, encanta com seus personagens cativantes e uma história que promove o amor à leitura. Se você não criar grandes expectativas para o fim, pode aproveitar a narrativa agradável e desvendar juntamente com Nils e Berit os mistérios de Bibbi Bokken e sua biblioteca mágica, e se apaixonar mais uma vez pelo maravilhoso mundo dos livros.