quarta-feira, 8 de julho de 2015

Resenha: Cidades de Papel



Título: Cidades de Papel
Autor: John Green
Ano: 2013
Edição: 1
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 368
Avaliação: 8



Sinopse:

Quentin Jacobsen nutre uma paixão platônica pela vizinha e colega de escola Margo Roth Spiegelman desde a infância. Naquela época eles brincavam juntos e andavam de bicicleta pelo bairro, mas hoje ela é uma garota linda e popular na escola e ele é só mais um dos nerds de sua turma.

Certa noite, Margo invade a vida de Quentin pela janela de seu quarto, com a cara pintada e vestida de ninja, convocando-o a fazer parte de um engenhoso plano de vingança. E ele, é claro, aceita. Assim que a noite de aventuras acaba e um novo dia se inicia, Q vai para a escola, esperançoso de que tudo mude depois daquela madrugada e ela decida se aproximar dele. No entanto, ela não aparece naquele dia, nem no outro, nem no seguinte.

Quando descobre que o paradeiro dela é agora um mistério, Quentin logo encontra pistas deixadas por ela e começa a segui-las. Impelido em direção a um caminho tortuoso, quanto mais Q se aproxima de Margo, mais se distancia da imagem da garota que ele pensava que conhecia.



Resenha:

Cidades de Papel é um livro que, apesar da fama, divide opiniões. Tudo bem que quando se trata de um livro do John Green, é certo que não pode ser menos do que um best-seller mundial, mas mesmo assim é bem fácil encontrar um grupinho que ama cada parte do livro e não mudaria nada, outro que até gostou do início mas odiou o final, e outro que simplesmente não gostou do livro e ponto. Então se você está em dúvida sobre ler ou não Cidades de Papel, primeiro você deve saber que esta resenhista definitivamente amou o livro (apesar de que não todas as partes), e na verdade, até diria que Cidades de Papel é o melhor livro do autor até agora, pelo menos levando em conta os que eu já li (e isso inclui A Culpa é das Estrelas e O Teorema Katherine). E eu posso explicar o porquê.

A trama acompanha a história de Quentin Jacobsen, um garoto que nutre um amor platônico pela sua vizinha e colega de escola, a popular Margo Roth Spiegelman, famosa pelas suas aventuras épicas (e quase sempre inacreditáveis). Mas faltando pouco para o fim do ensino médio, Q (como Quentin é carinhosamente apelidado) ainda não criou coragem para falar com a garota, e assim continua com a sua rotina de sempre. Até um dia em que inesperadamente Margo aparece na janela do quarto dele vestida de ninja e o convoca para ajudá-la em um elaborado plano de vingança, e Quentin, apaixonado pela garota, topa sair com ela em uma extraordinária noite de aventuras.

Mas de repente, no dia seguinte, Margo desaparece. Some. Ninguém faz ideia de onde ela esteja. É então que Quentin descobre que a garota deixou pistas para ele seguir, e junto com seus amigos, ele embarca em uma jornada épica em busca de sua misteriosa vizinha e descobre que a garota dos seus sonhos pode não ser exatamente como ele imagina.

Cidades de Papel foi um livro completamente surpreendente pra mim, justamente pelo fato de que o que se espera quando se lê a sinopse é mais um romance adolescente previsível. Mas se você pretende ler este livro achando que vai encontrar só mais um romance clichê típico de comédia romântica, está completamente enganado. O que diferencia Cidades de Papel das outras obras do gênero é o fato de não focar no casal “Quentin e Margo”, mas sim no desenvolvimento individual de cada um. Como? Eu vou esclarecer.

Quentin é um garoto rotineiro, do tipo que sempre chega na escola exatamente no mesmo horário, faz exatamente as mesmas coisas todos os dias e já tem cada detalhe de sua vida planejado. Pode soar entediante, mas ele gosta dessa sensação de estabilidade. Entretanto, quando Margo desaparece, Quentin é obrigado a sair de sua zona de conforto, visitar lugares aonde nunca teria ido, vivenciar coisas que nunca teria vivido, embarcar em sua própria aventura e conhecer uma nova maneira de ver a vida.

É então que ele descobre que a garota por quem é apaixonado não é exatamente como ele imaginava que fosse. E que apesar de toda a sua fama e popularidade (e de Quentin praticamente idolatrá-la), Margo era só uma garota comum, que vivia uma vida comum e sentia e sofria como qualquer outra pessoa. E quanto menos ele descobre que sabe sobre Margo Roth Spiegelman, mais ele descobre sobre o próprio Quentin Jacobsen, e no que deveria ser a sua busca pelo amor, ele acaba encontrando algo muito maior: a si mesmo.

Cidades de Papel é um livro que apresenta uma proposta bem diferente da dos livros do gênero, e talvez seja por isso que a obra causa tanta comoção, ultrapassando os limites do romance comum e entregando uma narrativa que proporciona reflexões no leitor, sejam sociais, filosóficas, ou até mesmo acerca de assuntos do seu próprio cotidiano, como a idealização romântica e o amor platônico, tão comuns na nossa realidade.

Mais uma vez, John Green não decepciona, criando protagonistas adolescentes que são inteligentes e possuem uma personalidade forte e única, com camadas a serem exploradas conforme a leitura prossegue. Destaque também para os melhores amigos de Q, Ben e Radar, que são divertidos e proporcionam algumas cenas bem engraçadas (e outras nem tanto). Mas não posso esquecer de mencionar a maior coleção de papais noéis negros do mundo, pertencente aos pais do Radar, mais um item que demonstra o quanto eu adoro as singularidades dos personagens de Green.

No decorrer do livro, a busca por Margo se prolonga mais do que o necessário, o que acaba entediando um pouco o leitor, mas o final compensa a falta de ritmo na medida em que transmite exatamente a mensagem que o autor quis passar durante a narrativa. Repleto de reflexões inteligentes e personagens cativantes, Cidades de Papel é um livro que encanta e diverte, sem pra isso ser clichê ou superficial. É um livro que, apesar das falhas, retrata a fase da adolescência com uma originalidade encantadora.


8 comentários :

  1. Oi, Júlia!
    Adorei sua resenha, uma das melhores e completas que vi até agora. Mas, esse foi um dos livros que menos gostei do autor, apesar disso, estou bem curiosa para ver a adaptação.

    Beijos!
    livrosdawis.blogspot.com.br

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    1. Oi, Wis!
      Tem muita gente que também prefere outros livros do John Green a Cidades de Papel, mas parece que a adaptação ficou realmente muito legal! Eu acredito que o filme seja mesmo bom, e já tem até gente falando que ficou melhor que a obra original. Quem sabe você não acaba gostando mais da adaptação também?

      Beijinhos!

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  2. Olá,
    Eu li um livro da John e realmente não curti, desde então ando dispensando outras obras dele, esse livro nunca despertou minha curiosidade, simplesmente não tenho interesse.
    Beijos.
    Memórias de Leitura - memorias-de-leitura.blogspot.com

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    1. Oi, Inês!
      Eu acho os livros do John Green bem legais, mas é uma questão de opinião e cada pessoa gosta de um tipo de livro diferente. Ainda assim, você pode não gostar de um livro e gostar de outro do mesmo autor. Por que você não tenta ler outros livros dele? Não custa conferir! ;)

      Beijos!

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  3. Oii!
    Sua resenha ficou incrível. Muito bem escrita. Ainda nao assisti o filme, mas to quase me rendendo.
    Beijos.

    Ps. Seguindo o blog.
    mundoemcartas.blogspot.com.br

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    1. Oi, Markus!
      Eu já assisti o filme e simplesmente amei! Achei bem parecido com o livro e recomendo até para quem não gostou da obra original. Muito obrigada pelo carinho, viu? ;)

      Beijos!

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  4. Olá Júlia,
    sua resenha me despertou uma vontade de ler esse livro, coisa que ainda não tinha acontecido, faz tempo que o tenho na estante mas não sei porque ainda não tinha surgido o interesse.. espero ler em breve
    Adorei seu blog e estou seguindo :D
    Beijos,
    Edna

    Dna Bookz / Fan page / Instagram  / Twitter

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    1. Olá, Edna!
      Eu adoro Cidades de Papel e fico realmente muito feliz que tenha te incentivado a ler esse livro tão incrível. Espero que goste!
      Obrigada pelo carinho! Seu blog é lindo e já segui também! :3

      Beijinhos!

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