quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Cinema Literário - Divergente


Olá, bisbórrias!

Em meu segundo post do Cinema Literário, vou falar sobre a adaptação para os cinemas do livro Divergente, de Veronica Roth.


Ambientado em uma versão futurista da cidade de Chicago, o livro mostra uma sociedade dividida em cinco facções, cada uma delas com sua função e fundamentada no cultivo de uma virtude: a Abnegação, os altruístas, a Amizade, os bondosos, a Audácia, os corajosos, a Erudição, os inteligentes, e a Franqueza, os honestos.

O livro começa apresentando Beatrice Prior, a protagonista, pertencente à facção dos altruístas, cujos membros são caracterizados pela renúncia de seus próprios desejos em favor dos outros. Usando roupas simples, na cor cinza, os membros da Abnegação rejeitam a vaidade e o egoísmo, sendo responsáveis pelo governo da cidade.

Beatrice, aos dezesseis anos, precisa passar pelo teste de aptidão, assim como todos os jovens de sua idade, que irá definir a qual facção ela realmente pertence. Em seguida, em uma grande cerimônia de escolha, decidirá de uma vez por todas a que facção irá se juntar para passar o resto de sua vida.

O filme começa com uma visão aérea de Chicago, mostrando vários prédios destruídos depois de uma guerra que devastou a cidade, e uma enorme cerca, construída para proteger o lugar de ameaças externas, mostrando em seguida o funcionamento da cidade, antes de apresentar a protagonista.

É interessante destacar a apresentação das facções, feita de forma simples e rápida, mas fácil de entender. Os figurinos são incríveis, e através deles, é possível diferenciar bem as facções umas das outras, e os cenários também contribuem, e muito, como as casas pequenas e cinzas da Abnegação e os enormes campos da Amizade, e assim o espectador consegue facilmente se inserir no ambiente do filme.

É durante o teste de aptidão para definir seu destino que o inesperado acontece. Beatrice não se encaixa em apenas uma facção, mas em várias. Ela é Divergente, e mesmo que ainda não saiba o porquê, ser Divergente é perigoso e ela deve manter isso em segredo. Em seguida, durante sua Cerimônia de Escolha, Beatrice acaba surpreendendo a todos, e a si mesma, ao escolher se juntar à Audácia, facção dos corajosos.

É então que entramos em um ambiente completamente novo. Usando roupas pretas, piercings e tatuagens, os membros da Audácia precisam sempre provar sua coragem, desde pular de um trem em movimento, até saltar de um prédio, situações que rendem algumas das melhores cenas, tanto no filme, quanto no livro. A Audácia treina os futuros soldados que protegerão a cidade, e não é nada fácil para Beatrice passar pela iniciação para se tornar um membro da facção. Treinamentos com armas, lutas, enfrentar seus piores medos, e ainda pairando sobre ela a certeza de que, se não cumprir os desafios, poderá se tornar uma sem-facção, uma pária da sociedade. E isso é um bom incentivo para não desistir.

Adotando o nome Tris, a protagonista segue o curso de seu treinamento. Tris é uma personagem forte e que não tem medo de agir, e é interessante observar sua transformação ao longo da história. No filme, a atriz Shailene Woodley dá vida a essa personagem, com uma bela interpretação, e consegue transmitir bem os sentimentos e emoções de Tris do livro para a tela.

O instrutor da protagonista durante a iniciação, Quatro, é um personagem complexo e cativante. O desenvolvimento de seu relacionamento com Tris é bem representado em sua versão para o cinema, e o ator Theo James com certeza dá conta do recado. O filme conta ainda com um ótimo elenco secundário, que não decepciona e consegue transmitir a importância de seus personagens no decorrer da história.

Mas não é só o processo de iniciação para entrar na Audácia que se torna um desafio para Tris. Ao longo da história, a personagem descobre uma conspiração tramada pela Erudição para tomar o poder, liderada por Jeanine Matthews, e as consequências desse evento podem ser desastrosas, tanto para Tris, quanto para o resto da cidade.
É uma pena que o filme tenha sido tão corrido, sendo adaptado de um livro com cerca de 500 páginas. Logo, muitas cenas foram cortadas, outras tiveram durações muito curtas ou foram trocadas de ordem, ou emendadas umas às outras, como no caso da cena do jogo de captura à bandeira e a tirolesa, mas nada que atrapalhe o desenvolvimento da história.

Com o tempo curto, muitos personagens, como os amigos de Tris, Christina, Al e Will, foram apresentados de forma bem superficial. Não houve muito tempo para que os espectadores pudessem se apegar a eles, conhecer suas personalidades e motivações. Outros personagens, como Uriah, Lynn e Marlene, foram cortados do filme, o que foi uma pena, já que estes apresentam algumas das melhores e mais divertidas cenas do livro. 

Jeanine, que no livro é citada em várias ocasiões, mas raramente aparece, no filme é uma vilã extremamente participativa, introduzida em várias cenas não presentes na obra original, mas que contribuem para que conheçamos melhor a personagem interpretada por Kate Winslet, que fica bem em seu papel de antagonista.

Divergente é narrado em primeira pessoa por Tris, durante todo o livro e em alguns trechos do filme. Sua narrativa surpreendente e cheia de reviravoltas é o que torna o livro de Veronica Roth tão amado pelos leitores e, posteriormente, um sucesso dos cinemas através do filme de Neil Burger. Vale a pena conferir essa fantástica história. ;)

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