Olá,
bisbórrias!
Em meu
segundo post do Cinema Literário, vou falar sobre a adaptação para os cinemas
do livro Divergente, de Veronica Roth.
Ambientado
em uma versão futurista da cidade de Chicago, o livro mostra uma sociedade
dividida em cinco facções, cada uma delas com sua função e fundamentada no
cultivo de uma virtude: a Abnegação, os altruístas, a Amizade, os bondosos, a
Audácia, os corajosos, a Erudição, os inteligentes, e a Franqueza, os honestos.
O livro
começa apresentando Beatrice Prior, a protagonista, pertencente à facção dos
altruístas, cujos membros são caracterizados pela renúncia de seus próprios
desejos em favor dos outros. Usando roupas simples, na cor cinza, os membros da
Abnegação rejeitam a vaidade e o egoísmo, sendo responsáveis pelo governo da
cidade.
Beatrice,
aos dezesseis anos, precisa passar pelo teste de aptidão, assim como todos os
jovens de sua idade, que irá definir a qual facção ela realmente pertence. Em
seguida, em uma grande cerimônia de escolha, decidirá de uma vez por todas a
que facção irá se juntar para passar o resto de sua vida.
O filme
começa com uma visão aérea de Chicago, mostrando vários prédios destruídos
depois de uma guerra que devastou a cidade, e uma enorme cerca, construída para
proteger o lugar de ameaças externas, mostrando em seguida o funcionamento da
cidade, antes de apresentar a protagonista.
É
interessante destacar a apresentação das facções, feita de forma simples e
rápida, mas fácil de entender. Os figurinos são incríveis, e através deles, é
possível diferenciar bem as facções umas das outras, e os cenários também
contribuem, e muito, como as casas pequenas e cinzas da Abnegação e os enormes
campos da Amizade, e assim o espectador consegue facilmente se inserir no
ambiente do filme.
É durante o
teste de aptidão para definir seu destino que o inesperado acontece. Beatrice
não se encaixa em apenas uma facção, mas em várias. Ela é Divergente, e mesmo
que ainda não saiba o porquê, ser Divergente é perigoso e ela deve manter isso
em segredo. Em seguida, durante sua Cerimônia de Escolha, Beatrice acaba
surpreendendo a todos, e a si mesma, ao escolher se juntar à Audácia, facção
dos corajosos.
É então que
entramos em um ambiente completamente novo. Usando roupas pretas, piercings e
tatuagens, os membros da Audácia precisam sempre provar sua coragem, desde
pular de um trem em movimento, até saltar de um prédio, situações que rendem
algumas das melhores cenas, tanto no filme, quanto no livro. A Audácia treina
os futuros soldados que protegerão a cidade, e não é nada fácil para Beatrice
passar pela iniciação para se tornar um membro da facção. Treinamentos com
armas, lutas, enfrentar seus piores medos, e ainda pairando sobre ela a certeza
de que, se não cumprir os desafios, poderá se tornar uma sem-facção, uma pária
da sociedade. E isso é um bom incentivo para não desistir.
Adotando o
nome Tris, a protagonista segue o curso de seu treinamento. Tris é uma
personagem forte e que não tem medo de agir, e é interessante observar sua
transformação ao longo da história. No filme, a atriz Shailene Woodley dá vida
a essa personagem, com uma bela interpretação, e consegue transmitir bem os
sentimentos e emoções de Tris do livro para a tela.
O instrutor
da protagonista durante a iniciação, Quatro, é um personagem complexo e cativante.
O desenvolvimento de seu relacionamento com Tris é bem representado em sua
versão para o cinema, e o ator Theo James com certeza dá conta do recado. O
filme conta ainda com um ótimo elenco secundário, que não decepciona e consegue
transmitir a importância de seus personagens no decorrer da história.
Mas não é só
o processo de iniciação para entrar na Audácia que se torna um desafio para
Tris. Ao longo da história, a personagem descobre uma conspiração tramada pela
Erudição para tomar o poder, liderada por Jeanine Matthews, e as consequências
desse evento podem ser desastrosas, tanto para Tris, quanto para o resto da
cidade.
É uma pena
que o filme tenha sido tão corrido, sendo adaptado de um livro com cerca de 500
páginas. Logo, muitas cenas foram cortadas, outras tiveram durações muito
curtas ou foram trocadas de ordem, ou emendadas umas às outras, como no caso da
cena do jogo de captura à bandeira e a tirolesa, mas nada que atrapalhe o
desenvolvimento da história.
Com o tempo
curto, muitos personagens, como os amigos de Tris, Christina, Al e Will, foram
apresentados de forma bem superficial. Não houve muito tempo para que os
espectadores pudessem se apegar a eles, conhecer suas personalidades e
motivações. Outros personagens, como Uriah, Lynn e Marlene, foram cortados do
filme, o que foi uma pena, já que estes apresentam algumas das melhores e mais
divertidas cenas do livro.
Jeanine, que
no livro é citada em várias ocasiões, mas raramente aparece, no filme é uma
vilã extremamente participativa, introduzida em várias cenas não presentes na
obra original, mas que contribuem para que conheçamos melhor a personagem
interpretada por Kate Winslet, que fica bem em seu papel de antagonista.
Divergente é
narrado em primeira pessoa por Tris, durante todo o livro e em alguns trechos
do filme. Sua narrativa surpreendente e cheia de reviravoltas é o que torna o
livro de Veronica Roth tão amado pelos leitores e, posteriormente, um sucesso
dos cinemas através do filme de Neil Burger. Vale a pena conferir essa
fantástica história. ;)
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