Olá, galerinha!
O post de hoje é uma matéria especial sobre um projeto muito
legal que vai ocorrer bem aqui no nosso município, a cidade de Queimados, no estado do Rio de Janeiro.
Acontece que pouca gente conhece essa cidade e sua história, então o professor
Nilson Henrique e a professora Claudia Costa, pesquisadores da história municipal,
resolveram criar um livro com as informações obtidas em suas inúmeras
pesquisas, para que as pessoas viessem a conhecer um pouquinho mais sobre a nossa
cidade.
Então, para divulgar esse incrível projeto, entrevistamos o
professor Nilson, um dos responsáveis pelo trabalho (e nosso antigo professor
de história), que cedeu um pouco de seu tempo para falar com a gente sobre o
assunto:
Mundo Sereno: De onde surgiu a ideia de realizar esse
projeto?
Professor Nilson: Esse livro começou a ser pensado quando eu
estava fazendo curso de pós-graduação na UFF, e era um curso de história do Rio
de Janeiro, e como era um curso sobre a história do estado do Rio, eu pensei
que poderia trabalhar, então, a Baixada Fluminense. Mas quando se trata de história, a gente tem
que tomar cuidado para que o tempo e o espaço não sejam amplos demais e a gente
se perca na pesquisa. Então eu pensei em trabalhar a história do meu município,
que é Queimados, trabalhando assim com a história da emancipação da cidade.
Dentro do curso de pós-graduação, eu acabei entrando em contato com outra
professora que acabou se transformando em uma grande amiga minha, Claudia Costa, coautora do livro em questão, que adotou a
ideia de pesquisar a Baixada Fluminense, de transformar o município no nosso
objeto de pesquisa.
Mundo Sereno: De que meios o senhor se utilizou para
conseguir os dados necessários para a criação do livro?
Professor Nilson: A gente começou o projeto trabalhando as
memórias de Queimados, as memórias dos moradores mais antigos da cidade,
trabalhando através da oralidade, entrevistando as pessoas, e então fomos
descobrindo histórias maravilhosas sobre o município, conhecendo-o mais
profundamente. Na verdade, a oralidade também é um documento importante no
campo da história, como todos os outros, não só os documentos escritos. Só que
a partir do momento em que começamos a fazer essas entrevistas com os moradores
mais antigos da cidade, nós acabamos tendo acesso aos seus arquivos pessoais. À
medida que eles iam contando suas histórias, eles iam abrindo os seus arquivos
pessoais e mostrando pra gente documentos antigos da época em que eles viveram,
como carteirinhas escolares, fotografias antigas da cidade, registros de
imóveis onde apareciam os nomes das ruas como eram antes, e tendo contato com
esse material, eles foram permitindo que a gente escaneasse fotografias e
imagens. Hoje temos um acervo com mais de 1500 fotos antigas da cidade.
Antigo cinema em Queimados. Esta imagem poderá ser encontrada no livro em questão.
Mundo Sereno: Qual foi o objetivo de colocar todas essas
informações em um livro?
Professor Nilson: De posse dessa documentação toda, a gente
começou a pensar em tornar isso público. Precisávamos fazer com que a população
de Queimados tivesse contato com a sua história, com a história de seu município,
e fazer com que essa documentação estivesse acessível àqueles que tivessem
interesse em pesquisar sobre a cidade também, da mesma maneira que eu comecei a
fazer essa pesquisa sobre a cidade e tive dificuldades em desenvolver a
pesquisa, porque não encontrava essa documentação em um lugar centralizado,
como por exemplo: em um arquivo, um centro de memórias ou um instituto
histórico. Como não tinha acesso a isso, eu tive que ir atrás dessa
documentação, então pensamos em torná-la pública para que outros pesquisadores
começassem a entender que existiam pessoas estudando a história do município,
da qual eles pudessem se servir, e assim estimular outros pesquisadores. A
ideia do livro também é essa: de tornar pública a documentação que a gente
conseguiu sobre a cidade, sobretudo a documentação imagética, imagens de
Queimados desde o início do século XX até o período da emancipação.
Mundo Sereno: Como tornar o livro mais acessível?
Professor Nilson: Bem, eu peguei o texto da minha monografia
de pós-graduação e adaptei pra um livro, pra poder ter uma linguagem mais
acessível para a população. Na verdade, o livro foi pensado para o público que
lê e o público que não lê. É um livro com fotografias, então
as pessoas que gostam de ler vão pegar o texto para ler, e as pessoas que não
têm o hábito da leitura vão ver as imagens e as legendas e se inteirar um pouco
da história do município também.
Mundo Sereno: Você acha que o livro tem a acrescentar na
educação escolar?
Professor Nilson: É interessante a gente pensar também em um
outro aspecto importante: quando eu fui trabalhar na Secretaria de Educação
como implementador do currículo de história, cinco anos atrás, eu percebi uma
deficiência, uma necessidade da Secretaria de Educação fazer com que os
professores de história do município pudessem ter acesso a um material sobre a
história local, para que eles pudessem trabalhar nessa história em sala de
aula. Quando se trabalha com crianças do ensino fundamental, é frequente
ensinar sobre a história de lugares distantes tanto no tempo quanto no espaço,
como por exemplo, a história do Egito Antigo. Como contar a história do Egito
para uma criança? A história de um lugar distante dele, de um tempo totalmente
diferente? Como ele vai compreender uma sociedade que está distante dele em
todos os contextos, se ele não conhece a própria sociedade na qual está
inserido? Ele precisa de um parâmetro, precisa começar de algum lugar. De
acordo com os PCN, os Parâmetros Curriculares Nacionais, é preciso trabalhar a história
local com os alunos desses níveis, para que eles possam compreender a história
de outros lugares, de outros tempos que não o deles, para facilitar, para que
eles possam compreender. Assim que eu cheguei na Secretaria de Educação,
percebi essa necessidade. Então o livro vem ao encontro dessa necessidade, de
suprir essa deficiência, de auxiliar os professores da rede municipal no ensino
da história local. Eu precisava dotar esses professores de um material que
pudesse ajudar no ensino da história local para esses alunos. O livro foi
criado visando preencher essa lacuna que existia.
Mundo Sereno: Foi difícil conseguir realizar o projeto?
Professor Nilson: Foi, mas a gente pôde contar com
parcerias, que foram fundamentais. A gente contou com a ajuda da Secretaria de
Educação e de patrocinadores, como por exemplo a Saneáguas e a ASL Engenharia,
ambas sediadas em Queimados. O patrocínio dessas empresas foi de extrema
importância para que a gente conseguisse publicar o livro. Hoje a gente está
contando com o patrocínio da Milana Corretora de Seguros, que é uma empresa de Queimados, e
com o colégio Centro Educacional Manuel Pereira, que cedeu a estrutura e
dependências para que pudéssemos realizar o lançamento do livro. E o apoio,
sobretudo, da Secretaria de Educação, que desde o início tem dado apoio,
ajudado, incentivado o desenvolvimento desse projeto desde muito tempo. É
importante salientar o valor da parceria, de ter parceiros para que a gente
possa concretizar um objetivo. Então essas empresas foram importantíssimas, pois
sem a ajuda do patrocínio delas, isso não aconteceria.
Mundo Sereno: Em algum momento você pensou em desistir por
causa dessas dificuldades?
Professor Nilson: Faz parte do processo. Quando a
dificuldade vem, em primeiro momento você toma aquele “baque” e realmente pensa
em desistir. Você começa a se questionar, pensando se o que você está fazendo é
realmente relevante. Mas o tempo vai passando e vai mostrando que o seu
trabalho é importante, então isso vai te incentivando a continuar a lutar.
Muitas vezes, nas horas mais difíceis, a gente pensa em desistir, isso sem
dúvida nenhuma. Mas as pessoas à nossa volta vão nos mostrando, nos ajudando a
enxergar a importância daquilo que fazemos, e vão dando força para que a gente
prossiga. Já teve muitos momentos em que tivemos vontade de voltar atrás, de
parar, mas, enfim, a gente continua.
O livro “Queimados – Imagens de uma Cidade em Construção”
será lançado no dia 13 de dezembro de 2014 no colégio Centro Educacional Manuel
Pereira, localizado no município de Queimados. A entrada do evento é livre.
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